Na teologia cristã o termo Kairós descreve "o tempo de Deus", que não pode ser
medido, ou seja, Kairós descreve Eternidade,
pois "para o Senhor um dia é como
mil anos e mil anos como um dia." Nesse mesmo sentido, Kairós e Aevum passam a ser atributos do Deus Único, recolhendo idéias
precedentes da filosofia clássica grega.
Por outro lado, Chronos ou Khronos (em grego Χρόνος), significa ‘tempo’, ou seja, o “tempo
cronológico” ou “tempo seqüencial”,
o “tempo que se mede”.
Enquanto Kairós é usado na teologia para descrever a forma qualitativa do
tempo, como o "tempo de Deus",
khronos é utilizado para expressar a natureza
quantitativa, o "tempo dos homens"
medido em anos, dias, horas e suas divisões.
“Mas a misericórdia do SENHOR é de eternidade a eternidade” Sl 103:17
O tempo dos homens é medido em
presente, passado e futuro, ou seja, a cronologia humana, mas para Deus não
existe passado, presente ou futuro, pois, Ele não está preso ao tempo.
Todos os acontecimentos estão
diante de Deus, ao mesmo tempo, e são tão reais como se tivessem acontecido
naquele instante. Não existem mistérios algum insondável para Deus, pois, Ele
sabe de tudo antes mesmo que os acontecimentos venham à luz.
Aristóteles (384-322 a .C.) defendia a opinião
de que o tempo "khronos" faz parte do Universo e não pode ser
separado dele.
Agostinho, sabiamente afirma que
“na eternidade, [...] nada passa, tudo é presente”, sendo um “sempre presente”,
um “eterno hoje”, ao passo que no tempo "khronos" as coisas passam.
W. E. Best em sua obra Eternity
and Time (Eternidade e tempo) diferencia a eternidade e o tempo usando duas
expressões: temporalidade extensa e eternidade intensa.
Antes de acender aos céus os discípulos
questionaram a Jesus a respeito das coisas futuras:
“Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel?
Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempo ou épocas que o Pai reservou
pela sua exclusiva autoridade” (At 1. 6, 7).
Mas Jesus deixou bem claro que o
futuro não está condicionado à temporalidade humana.
Justamente por isso, escreveu
Salomão:
“Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no
coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o
princípio até ao fim.” (Eclesiastes 3:11).
Em algumas traduções o versículo em
apreço diz “também pôs o mundo no coração
do homem”, onde mundo, traduzido do hebraico “olam” traz o mesmo sentido “eternidade”.
Essa “eternidade” aqui citada faz
referencia a Kairós o que indica que
tudo que ocorre e irá ocorrer futuramente na vida do homem, Deus colocou em seu
coração, mantendo encoberto justamente para que o homem não se glorie.
Finalizamos com o que disse
Salomão:
“O que é já foi; e o que há de ser, também já foi...” Ec. 3:15
Em outras palavras, o presente,
passado e futuro estão na eternidade e na eternidade de Deus já aconteceram.
Pr. Waldex Silva
De nosso livro: Reflexões teológicas da atualidade
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